Bancos com receio de concederem créditos à Economia
Desde sempre o objecto social das instituições financeiras bancárias foi a concessão de créditos e captação de depósitos, por esse motivo nos últimos dias tem se visto um calcorrear dos agentes económicos a essas instituições a fim de obtiverem créditos para mitigarem as suas estruturas de custos, apresentando projectos de investimentos ou planos de negócios que sirvam de trampolim dos seus objectivos por meios de indicadores que mensuram a viabilidade económica ou global do projecto.

Por outro lado, o BNA obriga aos bancos comerciais a subirem a concessão de créditos à economia sob pretexto de as multar, em contrapartida, os bancos comerciais auguram que, os projectos de investimentos têm pouca qualidade porque em tempos idos muitos deles obtiveram, mas se tornaram em créditos malparados porque muitos pediam-nos havendo déficit de tesouraria ou porque tencionavam pagar os salários em atrasos com os seus colaboradores e não propriamente para investimentos e gerar benefícios Económicos e futuros, passando assim o payback (período de recuperação do investimento) exarado no projecto. 

Outrossim, há esse braço de ferro entre ambas instituições, os bancos comerciais preferem incorrer a penalizações ( sendo que em Julho pelo menos 10 bancos foram multados entre 34,5 e 39 milhões de Kwanzas, valores que criam mais almofadas de ar fresco aos bancos ) em detrimento da concessão de créditos porque passa a ser mais oneroso concedê-los, por causa do nível de risco que cada um apresenta, do que pagar a multa ao BNA. 

Nesse momento os bancos comerciais estão a envidar esforços para limparem dos seus balanços os créditos a clientes das contas 1.70 e concomitantemente as perdas por imparidades acumuladas da conta 1.70.90 do CONTIF ( contabilizações das instituições financeiras), porque muitos que haviam recebidos financiamentos não estão a honrar os compromissos, outros até acabaram por não redimensionar nos projectos entregues aos bancos.

Segundo um estudo minucioso do BNA, " em inícios de 2014 a Maio de 2020 os créditos malparados tiveram uma subida galopante de 11,5 a 34,5%, tendo apenas um  aligeiramento de 2017 a 2018 de 28,80 para 28,30%  " ou seja, quanto maior for o volume de financiamento que os bancos injectam à economia, maior também será o número de imparidades nos balanços. 

Ora, se os bancos não concedem créditos à economia ( principal objecto social ) preferem aplicar os seus recursos financeiros em dívidas públicas ou concentrar os seus activos em títulos na conta 1.30 da IAS/IFRS e no mercado cambial porque esses geram mais fluxos financeiros num horizonte temporal curto e é normalmente mais confortável aos bancos.

Para um renomado acionista e administrador de um banco com um portfólio alarmante augura que: " Se a economia está em dificuldade e há falta de poder de compra da população, os bancos logicamente também não querem dar créditos (...) era crucial se o BNA desse incentivos de compras de divisas aos bancos comerciais que mais concederem créditos. 

"Fim da citação. Ou seja, os direitos creditórios " 80% "que o estado dá as instituições que financiarem projectos que visam ajudar na diversificação económica é paliativa e selectiva apenas aos sectores primários, onde por notáveis dificuldades há poucos players, então há necessidade de expandir para outros sectores.

Entretanto, há essa dicotomia na nossa economia, a inflação aumenta vertiginosamente e as famílias continuam mormente sem incentivos fiscais para escoarem os seus produtos, entretanto, as empresas e as famílias continuam a cada dia que passa a resvalarem para insolvência. 

Por: Fernandes de Chagas, Contabilista, Gestor Financeiro e Investigador Económico.

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