O presidente do SINMEA, Adriano Manuel, em declarações ao Novo Jornal, contou, como exemplo, que "numa unidade de saúde da capital, que tem a função de hospital-escola, o serviço de urgência foi assegurado por dois médicos estagiários e outros dois que foram transferidos de outro hospital".
"Em apenas um dia, houve pelo menos 30 mortos", segundo o clinico, que, embora não consiga avançar números exactos, diz que o índice de mortalidade aumentou consideravelmente em todos os hospitais do País devido à inexperiência dos médicos contratados pelo Governo para substituir os que estavam em greve.
A falta de entendimento entre a classe e o Governo mantêm-se, com tendência a agravar-se, visto que o sindicato acusa o Executivo de João Lourenço de "caça às bruxas" e de manter uma "postura musculada".
Adriano Manuel contou que, mesmo depois da interrupção, "médicos que estavam em formação no Hospital Américo Boa Vida foram recambiados para os seus hospitais", decisão que o presidente do SINMEA vê como forma de punição.
O médico expôs que a organização sindical apresentou uma queixa-crime contra cinco altos responsáveis da Saúde, nomeadamente o secretário de Estado da Saúde Pública e Hospitalar. A queixa-crime por "violação da lei da greve" visa ainda os directores dos hospitais Maria Pia, David Bernardino, Dom Alexandre do Nascimento, Américo Boavida e da unidade psiquiátrica de Luanda.
Adriano Manuel apelou aos órgãos de Justiça para que ajam de forma célere e contou igualmente que deu entrada uma petição na Assembleia Nacional.
Na base desta "luta" estão, entre outras reivindicações, a exigência de melhores condições salariais e de trabalho, de atribuição de subsídios de isolamento e de integração dos 3.500 médicos que se encontram desempregados, conforme explicou o presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola.