Os cursos de Matemática, Física, Língua e Literatura Africana, Educação Física, Engenharia Geográfica, Desportos, Gestão de Turismo, Antropologia e História da Universidade Agostinho Neto (UAN) observam uma redução no número de candidatos para o próximo ano lectivo.

Já os cursos de Medicina, com mais de cinco mil candidaturas, Direito e alguns cursos da Faculdade de Ciências Sociais (Comunicação Social, Gestão e Administração Pública) e o conjunto dos cursos da Faculdade de Economia são os campeões das inscrições na fase de candidaturas. A UAN dispõe de 5.570 vagas para o ano de 2023/2024.

Em termos de vagas disponíveis por unidade orgânica, a Faculdade de Ciências Sociais lidera o número de lugares (1.420 vagas), seguido da Faculdade de Engenharia (1.275), Humanidades (620), Ciências Naturais (590), Instituto de Ciências de Saúde (505), Economia (400), Direito (300), Instituto de Educação Física e Desportos (240), Medicina (120) e Escola Superior de Hotelaria e Turismo (100).

A falta de adesão aos cursos mencionados é causada por várias razões, apesar de ser uma situação constatada ao longo dos últimos anos, de acordo com Vicente Lopes, director do Gabinete de Tecnologias de Informação e Comunicação Social da UAN.

"A universidade tem feito um trabalho de divulgação de todos os cursos, e em particular destes, mas ainda assim não tem tido adesão. Seguramente que o corpo gerente da universidade poderá encontrar alternativas para poder chegar junto dos potenciais candidatos", afirma.

Vicente Lopes entende que os jovens estão mais virados para as actividades liberais ou para os cursos com melhor acesso ao mercado de trabalho. No curso de Direito, por exemplo, se o cidadão formado não entrar para a magistratura pode ser advogado ou jurista, ou seja, tem várias saídas profissionais à disposição.

A adesão aos cursos é uma questão individual, por isso, o representante da maior universidade do País chama à atenção das famílias no sentido de desenvolverem iniciativas para mostrar a importância destes cursos.

A falta de motivação também é associada à falta de professores em muitas escolas, sobretudo no I e II ciclos, o que é um grande entrave para que os estudantes desenvolvam o gosto por aquelas áreas de saber. Caso contrário, quando chega à altura de se candidatar ao ensino superior, olham para todas as áreas menos para matemática ou física.

"O País precisa destes profissionais, porque Angola não será edificada apenas com juristas e psicólogos. É verdade que cada um se candidata ao curso da sua preferência, mas quando se nota que as preferências só vão para uma ou duas opções é altura de o Governo e das famílias se questionarem", explica Ntilo da Graça, professor de Matemática do Instituto Simão Toco.

O docente sublinha ainda que no ensino primário deve-se motivar os alunos a aprender matemática e a trabalhar com métodos de cálculo. "Não há motivação de quem aprende, porque já saem de casa com o sentimento de que este ou aquele curso é um bicho de sete cabeças", explica.

Os exames de acesso começaram no dia 21 de Agosto (Ciências Sociais), enquanto para os candidatos dos cursos de Ciências Exactas começaram a 22 de Agosto. Para os candidatos dos cursos de Ciências da Saúde, as provas acontecem entre 23 e 25 de Agosto.

A publicação dos resultados está prevista para 31 de Agosto e, a partir deste dia, até 3 de Setembro, será o período de reclamação. De 9 a 10 de Setembro começa a fase de inscrições para a segunda chamada e a 12 do mesmo mês serão publicadas as listas. A segunda chamada para o ano lectivo 2023/2024 está marcada para o dia 10 de Outubro.