Construção de prédio de 4 pisos na Vila Alice é suspeito de corrupção
As obras do edifício, que já tinham sido embargadas há alguns meses durante o período em que Ana Paulo de Carvalho esteve à frente da governação de Luanda, retomaram em Maio deste ano, num espaço completamente vedado aos olhos dos mirones.

Está a causar estranheza a certos moradores da zona e não só o facto de na licença emitida pelo GPL não constar o número da casa térrea que foi destruída para dar lugar a construção do novo edifício.

"Como foi possível o GPL licenciar uma obra sem número da casa demolida, na rua Eugénio de Castro, quando se sabe que no referido troço todas as moradias estão numeradas desde a década de 1950, ou seja, há mais de 70 anos?", questiona um antigo morador da Vila Alice.

A ausência de numeração na licença levanta igualmente suspeitas a outro morador, já que se trata, segundo ele, de "casas geminadas e numeradas".

Diz que não acredita numa omissão involuntária da parte do GPL, uma vez que a obra já tinha sido embargada.

Os dois moradores, que falaram na condição de não serem identificados, por razões óbvias, alinharam pelo mesmo diapasão quanto a uma eventual quebra da harmonia arquitectónica da zona.

"Há uns anos, um influente político do partido governante construiu um colégio de seis pisos numa zona em que apenas existem casas térreas".

Uma das fontes acredita que situações do género seriam evitáveis caso fossem implementadas as autarquias, uma vez que as decisões para a licenciamento de obras seriam tomadas em sede colegial e não de forma individual.

Contactado a propósito, o reputado engenheiro de construção civil António Venâncio manifestou a sua estranheza pela ausência do que considera "número de polícia" na licença de construção do GPL.

Em relação ao número de pisos que serão erguidos no espaço, disse que isso dependia da cércea, ou seja, dos edifícios envolventes e que não podiam exceder aos admitidos por lei.

Abordado sobre o mesmo assunto, um jurista, que falou sob anonimato, mostrou igualmente a sua perplexidade pela ausência desse "dado [número da casa] importante na licença", o que, em sua opinião, poderá levantar suspeitas de favorecimento de emissão de licença ou mesmo "actos de corrupção por parte dos funcionários da administração local".

NJ

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