Confiança dos empresários angolanos estagnou por falta de divisas e financiamento
Crise cambial, falta de produtos intermédios, dificuldades financeiras, equipamentos insuficientes, falta de mão-de-obra qualificada e excesso da burocracia são os maiores constrangimentos relatados. Empresários da comunicação são os mais optimistas, os da indústria transformadora são os menos.

A confiança dos patrões e gestores empresariais sobre as perspectivas de evolução da economia angolana, no curto prazo, estabilizou entre Julho e Setembro do ano passado, revela o inquérito sobre a conjuntura económica às empresas do III trimestre de 2023, publicado, esta semana, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Os dados foram recolhidos no trimestre imediatamente a seguir ao período em que a moeda angola desvalorizou 39% face ao dólar, e revelam que o indicador de clima económico (ICE), que avalia as expectativas dos empresários sobre a evolução da economia no curto prazo, manteve os 12 pontos registados entre Janeiro e Março de 2023.

Olhando para os indicadores dos sectores da Indústria Extractiva, Indústria Transformadora, Construção, Comércio, Turismo, Comunicação e Transportes, o INE revela que, durante o período em análise, de uma forma geral o ambiente de negócios foi favorável à actividade empresarial.

O inquérito que abrangeu sete sectores de actividade teve em conta as opiniões de 1.638 empresas distribuídas nas 18 províncias. O comércio com 907 empresas de maior relevância, onde Luanda conta com 667 empresas, é o sector com mais representatividade.

Especialistas reportaram ao Expansão que a crise cambial, a falta de stocks e bens intermédios, a falta de financiamento e a burocracia administrativa continuam a pressionar o clima económico em Angola, situação que agrava cada vez mais a vida das empresas.

"A questão cambial tem sido um dos grandes desafios para as empresas. Continuamos a assistir ao encerramento de empresas porque a banca não consegue efectivar as operações cambiais dos seus clientes. E estes, por sua vez, não conseguem pagar aos fornecedores. Em muitos casos, as empresas são obrigadas a reduzir as suas operações e a despedir trabalhadores. O ano passado foi difícil para muitas empresas e este ano poderá ser pior", disse um empresário, sob anonimato.

Os 12 pontos do ICE divulgados pelo INE correspondem ao saldo das respostas extremas, diferença entre as avaliações positivas e negativas dos empresários e gestores sobre as perspectivas de evolução da economia angolana. Ou seja, a percentagem de empresários que tem perspectivas positivas sobre a evolução da economia angolana no curto prazo manteve-se nos 12 pontos percentuais, em relação à percentagem dos que têm perspectivas negativas.

Já o indicador de clima económico corresponde, grosso modo, à média dos indicadores de confiança de sete sectores de actividade, os quais reflectem a opinião dos patrões (empresários) e gestores de sete sectores sobre o desempenho do respectivo sector no curto prazo.

Os patrões destes sectores foram convidados a dar opinião sobre a actividade empresarial actual e perspectivas da evolução do mercado, em geral, e, em particular, sobre encomendas, vendas, exportações, stocks e emprego, entre outras variáveis, e também sobre as principais limitações que enfrentam.

De acordo com o inquérito do INE, a procura insuficiente, as dificuldades financeiras e a falta de matéria-prima estão entre as principais limitações à actividade apresentadas pelos empresários e gestores. São queixas antigas, agravadas agora com a crise cambial e com o aumento do preço da gasolina verificada em Junho, no âmbito do programa da redução gradual dos subsídios aos combustíveis.

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