Bancos trocam liquidez entre si à espera do desbloqueio do mercado cambial
A queda da Luibor sinaliza que há liquidez e que os bancos que a detêm estão a emprestar, no mercado interbancário, ou no secundário, a preços mais baixos. Esta liquidez deve-se, sobretudo, ao facto de o mercado cambial estar praticamente parado há três meses, por isso, o câmbio está estabilizado nos 825,8 Kz.

A taxa que serve de referência às taxas de juro que os bancos cobramquando emprestam dinheiro entre si, a Luibor, tem estado a cair nos últimos meses, face aos máximos registados em Julho, o que à partida indiciaria um excesso de liquidez na banca. No entanto, segundo o Expansão apurou, o que está a acontecer é que os bancos estão a transaccionar liquidez entre si, no mercado monetário interbancário, o que por arrasto, tem empurrado as Luibor para baixo. Isto porque o mercado cambial está praticamente parado, e os bancos estão à espera que volte a abrir, o que abre a porta a uma nova desvalorização do kwanza.

O Banco Nacional de Angola (BNA) não determina as taxas de juro dos bancos comerciais, mas pode influenciá-las, através da Taxa Básica (conhecida como a taxa BNA). No País, tendencialmente a mecânica das taxas de juro decorre da seguinte forma: quando o Comité de Política Monetária (CPM) do BNA aumenta a Taxa Básica, esse aumento contagia a Luibor acrónimo inglês de Taxa Interbancária de Oferta de Fundos do Mercado de Luanda), que, por sua vez, faz crescer as taxas a que os bancos emprestam dinheiro aos clientes. No entanto, a baixa da Luibor sinaliza que há mais liquidez e que os bancos que a detêm estão a emprestar, no mercado interbancário, ou no secundário, a preços mais baixos.

Esta liquidez deve-se, sobretudo, ao facto de o mercado cambial estar praticamente parado há três meses e, por isso, o Kwanza está estabilizado nos 825 Kz. O banco central está a comprar divisas e a repassá-las aos bancos sem mexer no câmbio, reavivando uma espécie de regime de câmbio fixo (ler peça ao lado) como acontecia até 2018.

Nesta fase em que o barril de petróleo viu o preço passar a barreira dos 90 USD, e em que a produção nacional está a subir face à média diária do I semestre (+70 mil barris dia em Julho e Agosto face à média diária do I semestre), a banca está expectável em relação a um aumento da disponibilidade de divisas no mercado cambial. Isto porque face à elevada exposição das suas carteiras aos títulos de dívida pública num cenário em que Angola enfrenta novamente o fantasma da estagflação colocar essa liquidez em dívida do Estado não parece estar no horizonte, até porque estão a ser bastante pressionados pelos seus clientes para darem cumprimento às ordens de transferências internacionais. E face ao desempenho da economia este ano, em que a desvalorização do kwanza vai certamente fazer disparar o rácio da dívida pública, ainda está recente na memória o downgrade das agências de notação financeira em 2020, que obrigou a generalidade da banca a inscrever imparidades sobre esses investimentos, o que lhes afectou os resultados.

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