A juventude angolana não é de 14 de Abril
Por Imisi de Almeida: “E em todo o lado, brilhamos... A juventude não é 14 de Abril, é o país... e na minha pequenez... Pensei”.

Faço parte daquele núcleo considerável de jovens que não se revê no dia 14 de Abril, por achar (também) que 14 de Abril e Hoji ya Henda são imposições claras e evidentes de quem sempre governou, e durante anos montou um largo aparato para manutenção do poder, coagindo moralmente os jovens a vincularem-se ao partido e a sua ideologia, com a história do partido e estória dos seus militantes. 

A juventude angolana tem seu dia, e são todos os dias. São todos os dias, pois esse país é jovem, e ao contrario do que se tenta passar, há sim uma juventude consciente em Angola, jovens que não se preocupam com a vinda de “Ygti Kozan”.

Preocupam-se dentre outros assuntos com a pouca atenção que se dá aos artistas plásticos, como é o caso da jovem angolana Denise Luis artista plástica estudante universitária de 19 anos que se questiona “...por que razão, quando se fala em cultura, as pessoas pensam somente em música?

Se a cultura envolve todas as formas de arte e não só  (desde a música, gastronomia, etc e etc )... os artistas plásticos deviam ter mais espaço e deviam ser mais valorizados... custa-me todos os dias acreditar que até hoje não temos um museu de artes”. Denise Luis prepara-se para a sua segunda exposição em maio, sendo que a primeira foi no mês de Fevereiro, em Luanda.

É claro que existe uma massa juvenil considerável, propensa a questões pouco gratificantes, mas essa factura deve ser assumida quer por nós, os jovens, como também por quem não investe como se deve na juventude e nem transmite uma esperança e probabilidade de ascensão dos jovens ao sucesso. 

Ainda sobre os jovens que têm foco, deixem-me que vos fale de Jesualdo Muvuma jovem e angolano de 22 anos, designer de equipamentos desportivos e estudante universitário, e que esta preocupado com a pouca valorização que se tem dado a mão de obra nacional na área do design quando se preferem quadros estrangeiros que até fazem o mesmo trabalho que os nacionais. 

Muvuma admite, no entanto, que ainda são poucos angolanos que operam na área, mas sente-se bastante preocupado com a pouca valorização que se dá a esses poucos que existem.

Fotos de Widralino e DW
Imisi de Almeida

Existe uma juventude com objectivos, determinação, com bastante talento e que inspira, então quando os tipos vão a TV tecer criticas a juventude no geral com os argumentos limitadores do imediatismo, esquecem-se que há jovens que escrevem maravilhas como a Mara Oliveira, cantam e encantam como a Wela Inês.

Enchem-nos de orgulho por serem membros da National Geographic Society e Exploradores como é o caso do Mauro Sérgio, ou ainda como Adjany Costa  que é  exploradora e directora do projecto da National Geographic da Vida Selvagem do Okavango para Angola e está a trabalhar num doutoramento dedicado à protecção da biodiversidade marinha angolana. 

Como esses há muitos, nas 18 províncias do país, em qualquer lado do mundo, há sempre um jovem e angolano, que inspira e faz-se sentir. Mas como a factura deve ser paga por ambos os lados, infelizmente são muitos os jovens que se perdem por tão pouco, e é preciso assumir isso. 

Há jovens nas drogas, na prostituição, no uso excessivo de bebidas alcoólicas por várias razões e isso, é um problema nosso, é um desafio nosso também. A falta de foco! Objectividade e muitas vezes o fácil acesso a determinadas condições faz com que os jovens percam-se, a ideia de que só os jovens com poucas condições econômico/financeiras estão envolvidos com o uso excessivo de álcool e de drogas é uma falsa ideias, os jovens pertencentes a famílias abastardas também enfrentam os mesmos problemas. 

Os jovens pobres não têm dinheiro para comprar cocaína! Nós podemos fazer diferente, podemos buscar inspiração, motivação, despertar o nosso talento e brilhar, e isso, depende de nós não depende nem de lei, nem de decreto. Depende da nossa autoconfiança, depende do nosso agir.

Eu poderia escrever muito mais, mas termino com os dizeres da activista cívica Roqueana Gunza quem em boa verdade, deixou-me em silencio por longas horas. 

Eu não acredito que os problemas da “Juventude” resumem-se no "Emprego", uns vão dizer que sim, talvez, mas eu continuo pensando que o emprego não vai resolver todos os nossos problemas, e falo concretamente da frequência às festas, do consumo excessivo do álcool. 

Falo do desinteresse pela formação, da falta de cidadania, falo da despreocupação com meio ambiente, falo da visão à curto prazo que temos de só nos preocuparmos com o "agora", falo da falta de solidariedade para com o próximo e com a pátria, falo da covardia, principalmente da incapacidade que temos de transformar positivamente a sociedade, de reivindicar os nossos direitos e nos afirmarmos como jovens capazes de contribuir para o desenvolvimento da nossa própria sociedade!!! 

E se o emprego for capaz de resolver todos esses problemas que enfermam a juventude então, meu Deus, precisamos urgentemente de "Empregos”.

Seja você o principal actor da sua própria mudança, seja jovem, seja ousado, seja sonhador, seja forte, seja capaz!

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