Medicina natural ganha espaço por dificuldade de acesso aos hospitais
As dificuldades financeiras são apontadas como uma das principais razões para a procura destes tratamentos sendo que para a suposta cura de uma doença como a diabetes, a receita numa farmácia custa 50.000 Kz mas os medicamentos para a mesma doença custam 15 mil Kz na medicina natural.

As dificuldades financeiras, má qualidade no atendimento dos clientes e a pouca eficácia da medicina convencional tem elevado o número de cidadãos nacionais que procuram pelos serviços de um naturopata, especializado ou não, para o tratamento das suas enfermidades.

Neste momento já são mais de 80% dos pacientes angolanos que procuram por estes serviços segundo um estudo feito pela OMS, citado pelo vice-presidente do Conselho Nacional de Medicina Natural, José Nguepe, quando falava ao Expansão na passada terça-feira. "O número de pacientes que fazem recurso à medicina natural como uma alternativa para a cura de muitas enfermidades tem aumentado consideravelmente no nosso País, ou seja, muitas pessoas já deram conta que o uso de produtos naturais, quando é feito com a orientação de profissionais idóneos tem ajudado a diminuir a taxa de mortalidade no País", defende Nguepe.

Vários são os cidadãos que afirmaram à nossa reportagem que têm preferência pelos tratamentos naturais porque sempre que procuravam a medicina convencional não obtinham respostas adequadas. Outros afirmam que já não procuram os hospitais pela má qualidade no atendimento, preços altos das clínicas privadas e ainda pelo facto de ser muito difícil marcar uma consulta de especialidade nos hospitais públicos.

"Procurei o hospital Josina Machel porque estava com constantes dores no estômago. Quando cheguei deram uma medicação para acalmar as constantes dores e disseram que eu tinha de esperar por cinco a seis meses para marcar a consulta com o médico especialista, mas durante a espera as dores aumentaram o que fez com que eu recorresse à medicina natural. Marquei a consulta e em um mês já estava curada, se eu esperasse pelo médico no hospital com certeza já teria morrido", explica Maria José, comerciante de profissão.

Naldo Afonso diz que não procura os hospitais porque não acredita na competência dos profissionais. "A minha filha teve febre amarela há quatro anos, ficou internada e os médicos nem sequer conseguiam dizer o que ela tinha, teve alta mas continuava completamente mal sem sinais de melhoria. Então procurei a medicina natural, fazemos suador com ervas e folhas de várias plantas e dávamos-lhe a beber chá de moringa. Mas fiz isso com a orientação de alguém que entendia da matéria, usando as doses certas, e a minha filha ficou curada em pouco tempo", diz Naldo Afonso.

Por sua vez, Cristiano Vontade, que é enfermeiro de profissão, afirma que também prefere a medicina natural por ser mais eficaz e certeira que a convencional e pelo facto de existirem várias doenças que a medicina convencional não tem resposta. "A minha mãe faz estes tratamentos há muitos anos e eu aprendi também a fazer de tanto observar. Hoje faço praticamente automedicação e tomo alguns chás para prevenir certas doenças mas por causa da minha profissão passei a pesquisar mais sobre ervanárias para não o fazer empiricamente", sublinha.

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