Makangolando: Juventude frustrada esquecida pelos kotas
Apostar na juventude parece não é uma prioridade ou é ameaça/perigo para um jovem país (tido como um dos mais ricos do Berço), onde esta franja é a maioria (no universo dos mais de 27 milhões de habitantes), continua mergulhada no desemprego, excluída do sistema de ensino e entregue ao desespero.

É com lágrimas no canto dos olhos que a juventude angolana anda, pela falta de oportunidades, apoios para implementação de projectos futuristas, numa altura que o Governo integrou no dicionário mwangolê a palavra “empreendedorismo” e muito se fala da famosa diversificação da economia, que pensava se reflectiria numa governação há muito sonhada, com equilíbrio de gerações. Parece que muitos kotas são alérgicos em sangue novo! 

Numa altura que os cintos apertam e se apela a meritocracia, a tristeza toma conta de muitos jovens que mais uma vez ficam fora do sistema de ensino, por culpa da falta do padrinho na cozinha (cunha) e das poucas vagas. 

Será que é o novo método para reduzir-nos? Querendo ou não, parece que sim, como pude observar os rostos banhados em lágrimas nos corredores do Campus Universitários da UAN, única pública, e ouvi em tom vivo dum jovem: “a solução é o suicídio.”  Faz-me recordar a tentativa de suicídio da jovem na Universidade Katyavala Bwila, em protesto a falta de vagas.  

Parece que andamos todos frustrados! 

Há poucos dias, um jovem matou o amigo por alegadamente recusar continuar o jogo dos desempregados (Não te Irrites), quando em jogo estavam míseros 200 kzs. Mais um jovem que tinha muito para dar, apesar de estar no desemprego, decidiu pôr fim a sua própria vida, aos 25 anos, jogando-se na bacia de retenção das águas pluviais. 

Afinal que Angola queremos quando filhos de famílias humildes continuam sem estudar e desempregados, e dos abastados esbanjam no ocidente? 

“Num mundo onde sol nasce, é preciso acreditar que uma juventude é coragem de mudança, porque ela pensa e sonha, pois sem ela não há mudança, porque a juventude tem fé, sinónimo de esperança”, belo refrão do hino da semana da Juventude da CEAST (Conferência Episcopal Angola e São Tomé), que não me canso de cantar. 

É pena que os nossos Governantes, parece que nunca foram jovens, não têm a noção do quanto o desenvolvimento deste país depende da força e investimento na juventude que, continua ser afastada da Governação, como fez passar Tchizé dos Santos, das políticas traçadas num Orçamento Geral do Estado que dá mais utilidade as armas do que às pessoas. 

Será que estamos condenados a refugiar-se nas drogas ou morte?

Não, apesar duma boa parte da juventude estar desviada, acredito na minha geração despertada por MCK, Isidro Fortunato, KID MC, Franklin Francisco, motivada por KP Meck Mateus, Victor Hugo Mendes, Felisberto Filipe, Bruno Arrobas, Aristides Lemba, e muitos outros. 

“O solo africano é fértil, mesmo não arremessado sementes, brota da melhor árvore que da vida a quem não tem.” 

Por Guilherme Francisco

REAÇÕES

3
   
1
   
3
   
0
   
0
   
0
   
1
   
0