Dois dos irmãos Gupta detidos no Dubai aguardam extradição para África do Sul
Os irmãos Gupta são acusados de obter indevidamente contratos, que terão lesado o Estado em mais de 3 mil milhões USD, tirando partido da sua proximidade ao ex-Presidente sul-africano Jacob Zuma.

Dois dos três irmãos Gupta, família suspeita de estar no centro da corrupção durante o mandato do Presidente Jacob Zuma, foram detidos esta segunda-feira, nos Emirados Árabes Unidos, anunciou a Polícia do Dubai, que está a trabalhar em articulação com as autoridades sul-africanas para a extradição de Atul e Rajesh Gupta.

A detenção ocorre 11 meses depois de a Interpol ter emitido um mandato de captura internacional e reflecte "os esforços contínuos dos EAU no combate aos crimes de branqueamento de capitais, através da cooperação local entre as autoridades competentes", como refere um comunicado da polícia do Dubai, publicado no seu Twitter.

A extradição dos irmãos Gupta é possível graças a um acordo de extradição, assinado em Abril de 2021, entre as autoridades da África do Sul e dos Emirados Árabes Unidos. O acordo, solicitado pelo governo do Presidente Cyril Ramaphosa, visa permitir que os irmãos Gupta respondam perante a justiça às acusações de corrupção, entre outros crimes que estão a ser investigadas, desde 2018, pela Comissão de Inquérito Zondo.

Os Gupta, família de origem indiana radicada na África do Sul em 1993, são suspeitos de estar no centro do escândalo de corrupção que levou à queda de Jacob Zuma, em Fevereiro de 2018. Tirando partido da sua proximidade ao ex-Presidente sul-africano, os três irmãos são suspeitos de obter indevidamente contratos, que lesaram o Estado em mais de 3 mil milhões USD. São também suspeitos de se apropriarem indevidamente de bens do Estado, de influenciar nomeações e de desviar fundos públicos. Acusações que os três negam.

"Esperamos que este seja, de facto, o início das detenções e da acusação daqueles que - localmente e no estrangeiro - saquearam o nosso país durante anos e são directamente responsáveis pelas dificuldades que milhões de sul-africanos enfrentam hoje", reagiu a Aliança Democrática, o principal partido na oposição, numa declaração, citada pela Reuters.

O império dos Gupta na África do Sul abrange vários sectores económicos, que vão da mineração, aos meios de comunicação social, passando pelas novas tecnologias.

A detenção dos dois irmãos Gupta no Dubai ocorre duas semanas depois de oito executivos de empresas públicas e privadas ligadas à corrupção durante o mandato de Zuma terem sido presos na África do Sul.

Entre os detidos, no final de Maio, encontram-se ex-executivos da empresa estatal de transportes e logística sul-africana Transnet, nomeadamente o antigo CEO Siyabonga Gama, e das empresas do universo empresarial dos Grupta, como Ronica Ragavan, antiga directora de Exploração e Recursos da Tegeta, e Pushpaveni Govender, antigo administrador da mina de carvão Optimum. Os oito detidos enfrentam acusações de fraude, corrupção, branqueamento de capitais, falsificação e perjúrio.

A Transnet e a estatal de energia Eskom são duas das empresas estatais envolvidas no escândalo de corrupção durante o mandato de Zuma, de 2009 a 2018, e que, segundo a Comissão Zondo, terá lesado o Estado em 500 mil milhões de rands (32 mil milhões USD).

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