Angola em grave risco de insegurança alimentar
ONU alerta para grave risco de insegurança alimentar em Angola, Cabo Verde e Moçambique, efeitos de uma ″terrível combinação″ de conflitos, choques climáticos, pandemia, dívida pública e guerra da Ucrânia.

O estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e do Programa Mundial de Alimentos (PMA) indica que a guerra na Ucrânia agravou o aumento constante dos preços globais de alimentos e energia, minando a estabilidade económica em todo o mundo.

Segundo o relatório das agências da ONU, o conflito levou a aumentos de preços, particularmente em áreas caracterizadas pela marginalização rural e sistemas agro-alimentares frágeis.

"Entre as várias crises alimentares provocadas por conflitos, choques climáticos, consequências da Covid-19, enormes encargos da dívida pública e a guerra da Ucrânia, as condições devem ser particularmente graves onde a instabilidade económica e o aumento dos preços se juntam à queda na produção de alimentos provocada pelo clima", refere o relatório.

O director-geral da FAO, Qu Dongyu, citado no documento, afirma que está "profundamente preocupado com os impactos de crises sobrepostas que comprometem a capacidade das pessoas de produzir e ter acesso a alimentos, levando milhões a níveis extremos de insegurança alimentar aguda".

Qu Dongyu acrescenta que a FAO está numa "corrida contra o tempo" para ajudar os agricultores nos países mais afectados, aumentando rapidamente a produção potencial de alimentos e aumentando sua resiliência diante dos desafios.

Desastres climáticos

Além dos conflitos, o relatório conclui que os choques climáticos frequentes continuam a causar fome aguda e mostra que entrámos num "novo normal", no qual secas, inundações, furacões e ciclones arrasam repetidamente a agricultura e a pecuária, empurram a população para constantes deslocamentos e atiram milhões para a miséria em países de todo o mundo.

Já o director executivo do PMA, David Beasley, reforçou que a situação é uma terrível combinação e além de prejudicar os mais vulneráveis, também vai sobrecarregar milhões de famílias que até agora conseguiram encontrar formas de sobrevivência.

De acordo com o relatório, Etiópia, Nigéria, Sudão do Sul e Iémen permanecem em "alerta máximo" como lugares com condições catastróficas. Afeganistão e Somália estão perto desta categoria preocupante desde o último relatório, divulgado em Janeiro.

Nestes seis países há grandes partes da população a defrontar níveis de "catástrofe", em risco de deterioração para condições catastróficas, com até 750 mil pessoas a confrontar-se com a fome e a morte.

De acordo com o estudo, 400 mil estão na região de Tigray, na Etiópia, arrasada pela guerra - o número mais alto já registado num único país, desde a fome na Somália em 2011.

A República Democrática do Congo, Haiti, Sahel, Sudão e Síria estão em situação de "alta preocupação", como na edição anterior deste relatório, com o Quénia agora também adicionado a esta lista.

Angola, Líbano, Madagáscar e Moçambique também se mantêm nesta lista. Sri Lanka, Benin, Cabo Verde, Zimbábue, Guiné e Ucrânia entraram na classificação no relatório actual.

O director do PMA avisa que as condições agora são muito piores do que durante a Primavera Árabe, em 2011, e a crise dos preços dos alimentos de 2007 a 2008, quando 48 países foram abalados por distúrbios políticos, tumultos e protestos.

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